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O fundo do poço é o que faz quem você ama parar de beber?

  • Foto do escritor: Vitor Marcelo Blazius
    Vitor Marcelo Blazius
  • 14 de abr. de 2021
  • 5 min de leitura

Atualizado: 9 de mai. de 2021


Se você ama alguém que bebe demais, provavelmente você já ouviu alguém dizer que essa pessoa só vai mudar quando chegar no fundo do poço.

"Deixa ele chegar no fundo do poço que ele vai querer parar de beber".


Mas quero te convidar a pensar mais profundamente sobre essa frase. Chegar no fundo do poço se refere a alguém chegar numa situação em que o desespero é tão grande que a pessoa simplesmente precisa mudar. E por um lado essa ideia faz sentido e descreve uma das formas pelas quais as pessoas se motivam a mudar. Isto é, a partir de calcular os riscos e benefícios.


"Eu estou doente, meu médico disse que se eu não parar de beber vou morrer. E não aguento mais minha esposa com raiva de mim o tempo todo... Não vale a pena, acho que vou procurar ajuda".


Dizer que "alguém precisa chegar no fundo do poço" acaba transmitindo uma série de atitudes problemáticas, profundamente arraigadas.

Por outro lado, a nossa mentalidade, as nossas crenças sobre o alcoolismo e o potencial de mudança, acaba sendo muito influenciada pelas palavras que usamos. Dizer que "alguém precisa chegar no fundo do poço" acaba transmitindo uma série de atitudes problemáticas, profundamente arraigadas. Há enormes desvantagens em acredita que é isso que precisa acontecer para alguém mudar seu comportamento.


O primeiro problema é que gera a 2 ideias perigosas.

1) de que o processo de mudança não pode começar até que o fundo do poço seja atingido.

2) o raciocínio de que as pessoas não vão mudar a menos que sejam "punidas o suficiente" por seu próprio comportamento.

No fim das contas acabam sendo pensamentos que alimentam uma sociedade mais violenta e autocentrada. De acordo com o conhecimento científico que se tem hoje sobre o comportamento humano, essas duas ideias não poderiam estar mais equivocadas. E contribui para que tanto profissionais, quanto familiares e amigos sintam que a única opção é se afastar e ver quem ama sofrendo indefinidamente.

A realidade é que as pessoas mudam por várias razões diferentes e a motivação sofre uma influencia positiva pelo seu ambiente, família e amigos. Portanto o maior problema dessa crença de "chegar no fundo do poço" é que faz com que as pessoas mais significativas na vida do alcoolista acreditem, perigosamente, que não há nada a ser feito a não ser esperar.

Na verdade, as pesquisas mostram que uma intervenção precoce (quando as consequências ainda não começaram a se acumular) e um ente querido impactando positivamente o meio ambiente em torno de um usuário de substância leva a melhores resultados. As pessoas sim começam a mudar um comportamento quando percebem que os custos superam os benefícios e um ente querido pode desempenhar um papel crucial para isso acontecer.


o maior problema dessa crença de "chegar no fundo do poço" é que faz com que as pessoas mais significativas na vida do alcoolista acreditem, perigosamente, que não há nada a ser feito a não ser esperar.

E é justamente isso que eu vejo acontecendo com as minhas alunas. Como a "Laura". Conheça um pouco da história dela, é possível que você se identifique com várias situações que ela viveu. E certamente vai te ajudar a compreender que é possível você dar a ignição para a mudança em quem você ama e conquistar um convívio familiar feliz e saudável, sem você precisar deixar de cuidar de si em momento algum.



"Nós casamos em um casamento sólido e devido a esse problema que foi surgindo aos poucos, se tornou uma coisa assim que, meu Deus... Eu pensava que não ia ter solução. Ele chegou até a parar na UTI devido ao álcool e mesmo assim continuava bebendo. Eu estava com trauma do meu telefone, quando ele saia... Sabe quando que foi melhorar? Quando eu comecei a perceber com as suas explicações (Vitor Blazius). No momento em que eu comecei a mudar meu jeito com ele, eu já percebi que ele estava diferente. Eu mudei para ele mudar... Se eu chorar aqui é de alegria, não é de tristeza

não. É de emoção de eu ter vivido aqueles 20 e poucos anos naquela situação ruim e saber que eu pude fazer uma transformação no meu marido. Agora ele pode dirigir que eu não vou ter aquela preocupação. Só o fato de eu saber que eu não preciso ficar pensando em como é que ele vai chegar... Tá amoroso com a família. Tá aquele rapaz que eu conheci lááá... E aqui nessa região que eu moro, a cultura é o uso inadequado de bebida alcoólica. Ele se comparava com os outros, dizia que todo mundo bebia. E antes eu pensava na sociedade. Hoje pra mim a sociedade falando não faz diferença. Mesmo a família do meu esposo agindo errado, deu certo e tá dando certo."


A tradição e a mídia popular querem que acreditemos que apenas o desespero, a turbulência doméstica e a violência, a cirrose e tudo desmoronando são suficientes para começar a mudar. Felizmente, o sistema de tratamento está evoluindo para ajudar as pessoas mais cedo, quando seus problemas são menos graves.

As pessoas (amigos e familiares) ao redor de quem faz uso abusivo de álcool não precisam esperar até que o fundo do poço seja atingido. Elas podem (e querem) acelerar o processo de mudança. Eles não precisam esperar até que seu ente querido tenha causado tanto dano que ele não tenha outra escolha. E uma vez que chegar ao fundo do poço pode significar morte e consequências que alteram a vida, esperamos que as pessoas que bebem demais e suas famílias possam se afastar da ideia de que “chegar ao fundo do poço” tem alguma relevância no processo de mudança. E pelo contrário, que possamos também levar em consideração que quando há apenas punição, dor e ausência de estímulos positivos, ocorre o que se chama de reação paradoxal.

Reação paradoxal é um processo em que os impactos negativos causados pelo alcoolismo acabam, ao invés de trazer qualquer benefício, aumentando o desespero e o consumo de álcool. Essa pode ser uma das razões do porque o índice de suicídio é maior em alcoolistas. [ Botega, Neury José. (2014). Comportamento suicida: epidemiologia. Psicologia USP, 25(3), 231-236. https://doi.org/10.1590/0103-6564D20140004 ]


Existem outras maneiras e coisas que você pode fazer para impactar o processo de mudança para que ela ocorra muito mais rápido. Recomendo você a pesquisar opções de apoio para você baseadas em evidências (como Terapia Cognitivo Comportamental, Treinamento Familiar Unilateral e Entrevista Motivacional), que são a base do método ACA (que eu ensino no Curso ACA para as minhas alunas), pois todas operam com a ideia de que as pessoas podem mudar (e serem influenciadas a mudar) a qualquer momento. Não apenas quando "chegaram ao fundo do poço". Minha esperança com o ACA é que mais histórias como a da "Laura" possam acontecer e que possamos mostrar para o mundo que o Amor e a Ciência são o melhor remédio contra o alcoolismo. E que um ambiente de mudança (incluindo a influência dos profissionais, família e amigos) possa ser criado, onde a mudança possa acontecer a qualquer momento.


Você pode ser parte da solução!


E se quiser saber mais sobre como ajudar o alcoolista quando ele não aceita ajuda, você pode assistir um vídeo em que eu falo mais sobre isso por 30 minutos.


O que achou desse conteúdo? Conta pra mim nos comentários. Vou adorar saber.







1 Comment


pra.miriam.r
Aug 26, 2021

Boa noite, tudo bom? Me chamo Miriam e tenho um filho eu posso saber o valor do curso pra eu fazer logo?

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Dr. Vitor Blazius

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